June 07, 2009

Participação de S. Moreira

Tavira, 30 de outubro de 2008.

Rasgam-se caminhos. Encerram-se etapas. Pedras que ficam para trás. Dias inteiros. Multiplicam-se os cruzamentos e, com eles, as incertezas. Passos a dar para direcções não sonhadas. Degraus, nevoeiros que se adensam. E, para lá do cansaço que acompanha a viagem, o guerreiro mantém-se à tona e regressa ao caminho. Vê, enche os olhos e eis que, de repente, a sede desperta. Sorri por dentro. Ansiosos, os olhos percorrem cada pormenor. Rostos. Luzes. Gestos. Casas. Janelas. E, a acompanhar tudo isto, as vozes. Frases atiradas, palavras aparentemente soltas, enquadradas numa conversa qualquer. E os olhos, sempre os olhos, a encherem-lhe a alma. Ser um viajante curioso. Actor da sua própria história. Quem sabe até autor. Desconhece para onde lhe leva este chão. Sabe apenas que percorre o caminho e, ávido, procura absorver o que os sentidos lhe oferecem. Ah, doce sede que despertas! Atropelam-se os pensamentos na cabeça. As dúvidas, os medos. A esperança insiste e, com ela, o encanto de ser um viajante acordado.

S.

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