Porque é por meio deles que absorvo o mundo. Porque é por causa deles que entendo o mundo. Eles me mostram a forma e a cor de tudo. De todos. Me avisam - tentam me avisar - se alguém está mentindo. Eu é que não acredito, às vezes. Porque às vezes consigo enganá-los, coloco lá uma lente cor-de-rosa, coloco lá um filtro qualquer, e tudo muda. A perspectiva muda, fica tudo muito lindo. Mas eles são mais espertos que eu, enxergam bem mais do que muitas vezes sequer percebo. Aí, aos poucos, eles vão me dizendo, me mostrando, deixando escorregar as lentes que insisto em usar. Aí eu vejo. Aí, por mais que eles me mostrem que o sol ainda brilha, que o mundo ainda gira, que as flores estão nascendo logo ali, daqui a pouco é de novo primavera e tudo vai voltar a estar bonito, querendo eu ou não, concordando ou não.
Porque eles são, para mim, a porta de entrada de tudo. De palavras, de cores, de formas, até de cheiros, por incrível que possa parecer. Gosto, não, porque gosto é diferente. Mas todas as sensações, inclusive de frio e de quente e de macio e de áspero, é por causa deles que percebo. São eles os responsáveis pelo meu aprendizado.
Porque são eles que, automaticamente, escolhem o foto e o ângulo, e registram tudo o que há de mais importante, de mais emocionante. Porque eles não cansam nunca, e mesmo que eu queira dormir e deixá-los fechados, continuam com as imagens, continuam com as cores e luzes.
E eu os amo.
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Nós temos a imagem, nos mostre as suas mil palavras.